Roteiro do episódio #239 – A Permanência do Amor na Impermanência do Mundo, do podcast Não Dá Para Desouvir, com Kaw Yin e Yan Yin.
Vamos falar hoje sobre algo que não fica facilmente claro no caminho da transcendência.
Não sabemos como as coisas chegarão até nós, mas podemos garantir nossa postura diante delas. Como fazer isso antes de saber sobre as ocorrências futuras e como vamos reagir em cada situação?
Precisamos simplesmente olhar com a intenção de ver verdadeiramente.
Não precisamos saber sobre algo que chamamos de futuro, a partir do momento em que consideramos visto e sabido que a nossa existência é constante porque o que é constante não corre o risco de mudar em nenhuma hipótese, seja no tempo, no espaço ou em qualquer tipo de experiência em relacionamentos.
Se somos imutáveis, não precisamos nos preocupar com mudanças em nosso entorno. Precisamos apenas fazer uma leitura sobre ideias de mudança expressas em diferentes cenários, mas que contam histórias que possuem a mesma base de formação e que não têm relação como o que somos. São roteiros montados a partir de ideias que mudam por falta de consistência.
O que é inconsistente não dura e vai mudando em suas formas de apresentação, visto que sempre expressam a mesma intenção de comprovar ideias que não são reais.
O mundo que está constantemente em evolução feito por cenários impermanentes, nos quais corpos circulam nascendo, mudando e morrendo, são expressões de uma ideia central de separação e de diferença que nunca corresponderam à nossa realidade.
A realidade é algo cuja unicidade é eterna. A vida que é eterna, tem um caráter unicista e imutável. Tudo o que muda é expressão do que não corresponde à realidade.
Se queremos a transcendência, precisamos partir da consideração de bases imutáveis da realidade e, a partir disso, estabelecermos a base da nossa postura diante do que o mundo apresenta.
Se admitimos que a realidade é imutável, e admitimos que somos reais, então a preocupação com o que muda, passa a ser sem significado real, visto que não estamos mudando enquanto o mundo é percebido como uma constante impermanência.
Essa é a base que nos ampara para substituirmos o medo da inconstância, pelo imutável amor que está no fundamento da criação por Deus.
Precisamos alcançar a visão de que há uma fonte geradora do medo diante do mundo mutável e que há uma Fonte do amor imutável que mantém a existência de tudo o que é real.
A fonte do medo é uma ideia inconsistente de separação e de diferença e a Fonte do amor eterno é Deus.
Essa é a base da estabilidade da postura interna diante de tudo o que muda.
Essa é a base que nos permite alcançar a visão de que podemos nos manter no amor que nos criou de forma permanente, diante de todas as percepções de um mundo impermanente que é visto como algo que possui um passado que já passou e um futuro incerto, mas que não pode ser visto como realidade no presente que define o que somos fora da ideia de tempo.
O tempo é apenas a nossa oportunidade de aprender a ver a verdade fora do tempo.
A verdade que não muda e que está sempre presente em nossa existência na mente de Deus, no absoluto estado de plenitude compartilhado por Deus que é a Fonte da eterna presença do amor que nos une enquanto vida real em unidade com tudo o que vive em Deus.
Enquanto assistimos tudo passando e se tornando passado, podemos ver que, ao tentarmos imaginar o futuro, estamos apenas projetando o passado que passou, e tentando mantê-lo no que chamamos de futuro, desconsiderando a realidade presente que não se torna passado, porque não passa, porque não muda.
Se consideramos isso, e exercitamos uma nova forma de perceber o mundo, podemos considerar que somos uma realidade imutável e eternamente presente.
Se conseguirmos ver que isso é assim, essa será a base da nossa confiança, que gradativamente se estabelecerá dentro de nós, para que o medo não nos impeça de estarmos constantemente em contato com o pensamento de Deus que está em nossa mente para orientar, no presente, a nossa verdadeira percepção de todos os fatos apresentados no que chamamos de mundo.
O mundo visto a partir da orientação do pensamento de Deus é um mundo perdoado por sua irrealidade.
O mundo que vemos, sob a orientação do pensamento de Deus, é um mundo de pedidos de amor diante do medo justificado em projeções mentais que parecem manter um filme, no qual a ideia de ataque parece real, em um estado de ameaça constante com o poder de destruir o que é frágil e mutável e que, nessa percepção, é entendido como a realidade da vida.
O pensamento de Deus, capaz de nos orientar na verdadeira percepção do mundo, foi colocado em nossa mente para que possamos aprender a discernir corretamente entre realidade e projeções de ilusões nascidas no medo, para esconder o amor que é a nossa herança natural de Deus.
Esse pensamento de Deus que nos ensina a ver, é plenamente acessível e esse acesso pode ser sistematicamente treinado. O livro Um Curso em Milagres é um dos caminhos para esse acesso.
É um caminho perfeito, deixado por Jesus e didaticamente construído para alcançar esse professor interno que foi chamado de Espírito Santo, que é uma criação de Deus com a função de traduzir nossa visão do mundo como um perfeito caminho para a visão real.
Nossa mente pode ser treinada para sair do medo e para ver de forma realista sob a orientação do pensamento de Deus.
Esse treinamento para ver com a mente de Deus é o que pode nos levar a nos manter seguros e a nos colocarmos em uma postura constante e incondicional de confiança em uma visão orientada, capaz de nos permitir ver pedidos de amor onde antes percebíamos o ataque que nos pedia a defesa.
Diante da visão orientada por Deus, podemos ver a entrega de amor e podemos nos sentir dignos de receber esse amor sempre que nos é oferecido através da visão da verdade, assim como podemos entregar o nosso amor, diante de pedidos de amor que muitas vezes nos chegam com formas de medo.
Diante de pedidos de amor precisamos entregar o amor que é nosso e que Deus nos ajuda a localizar, em nós, na vivência da vida real que nos faz existir.
Confiemos então que esse amor de Deus sempre estará presente para nos lembrar que fomos criados por esse amor e que somos, portanto, o próprio amor que nos permite a confiança de que nossa postura pode ser de um constante amor, que pode ser a nossa incondicional entrega diante de um mundo aparentemente impermanente.
Podemos nos manter em constante estado de gratidão pelo amor eterno que nos faz existir na unidade com Deus e que nos ensina a nossa real função no mundo.
Fiquemos então em paz na constância do amor que nos mantém a salvo na mente de Deus.