Roteiro do episódio #258 – Entre a Teoria e a Prática, do podcast Não Dá Para Desouvir, com Kaw Yin e Yan Yin.
O que é uma teoria?
Teorias são ideias baseadas em hipóteses, conjecturas, especulações, suposições, abstratas ou não, mas que levantam possibilidades que podem ou não ser condizentes com os fatos ou com a realidade
O que faz uma teoria ser teoria?
Para ser teoria, basta apenas ser condizente com a definição de teoria, independente se é realizável ou não, se é condizente com os fatos e com a realidade ou não.
O que é a prática?
A prática é a vivência a partir do contato com a realidade que está sempre presente nos permitindo ver os fatos como realmente eles são.
Independente de todas as teorias sobre os fatos ou sobre a realidade, ela continua sendo o que é, podendo ser vista e podendo vir a ser a prática que indica uma única resposta.
A realidade pode ser vista ou não, mas está sempre presente para ser observada, alcançada e compreendida.
Há uma decisão a ser tomada que nos permite o contato com a realidade e que nos permite praticá-la, desistindo de qualquer teoria que não tenha a consistência que somente a realidade pode trazer.
A disposição e a determinação em buscar as constatações que somente a prática pode oferecer é o fundamento de toda relação de ensino e aprendizado. O contato e a vivência da verdade sobre a realidade dos fatos torna indubitável o que antes tenha sido teoria.
A partir do contato com a realidade, todas as teorias inconsistentes desaparecem naturalmente, fazendo com que essa vivência seja demonstrada para que possa também ser compartilhada ou estendida nos relacionamentos, visto que é única, universal e inclusiva em sua natureza.
O que faz a prática ser prática é a simples decisão de constatar o que é praticável por ser real e, a partir disso, desistir do que não é praticável por não ser real.
O oposto dessa decisão é manter uma ilusão de que algo que não é real possa ser tornado real a partir de uma esperança de praticá-lo, mesmo que seja em projeções mentais e mesmo que isso seja impossível.
O que faz com que algo seja alguma coisa?
A resposta é: apenas o fato de ser.
Ter contato ou não com algo que existe não muda o fato desse algo existir, assim como imaginar que algo existe, não faz com que exista de fato.
Há uma decisão, há uma escolha sobre o que queremos que as coisas sejam para nós em cada momento.
Uma ideia, um pensamento, uma palavra, um objeto, uma pessoa ou um relacionamento podem ser levados a uma prática real ou a uma projeção sem contato com a realidade dos fatos.
Tudo o que é teoria na mente de cada um, pode ser levado até a prática objetiva e isenta, para que seja constatada a sua realidade ou a sua irrealidade.
Porém, o que é teoria na mente de cada um pode também ser projetado mentalmente como se fosse a prática, mas que é apenas uma imaginação ou uma estratégia mental para se iludir fazendo com que uma projeção na mente pareça uma experimentação prática.
Há uma diferença fundamental entre a prática do que existe de fato e a demonstração de uma teoria que não foi levada ao questionamento prático para saber se é condizente ou não com a realidade.
A demonstração de uma teoria pode ser feita de forma perceptível aos sentidos para que possa ser compartilhada enquanto teoria, mas que pode ser observada de forma a serem constatados os elementos da demonstração que fazem com que essa teoria seja invalidada enquanto tentativa de ser vista como realidade.
Estamos todo o tempo demonstrando as teorias nas quais acreditamos. Essa demonstração, mesmo sujeita à invalidação, pode não ser invalidada por quem assiste, mesmo não sendo verdadeira, podendo parecer convincente através de estratégias de engano, mas isso também não torna essa teoria uma realidade factível na prática.
As estratégias de engano em demonstrações de teorias irrealizáveis podem de fato convencer ou podem também ser utilizadas como instrumentos para novas projeções a partir de quem assiste.
Quando as pessoas assistem alguém demonstrando as suas teorias, elas podem também fazer novas projeções a partir do que estão assistindo, ou seja, podem se utilizar de projeções para também projetar e validar as suas próprias teorias.
Isso pode parecer uma concordância mútua, mas é apenas uma forma de manter ilusões que parecem coletivamente validadas, mas que estão sendo projetadas em mundos diferentes na mente de cada um a partir do que decidiu acreditar e que lhe pareceu real e prático.
Resumindo, cada um faz o que quer com a sua mente intencionalmente separada.
Na verdade, a mente não está separada, mas há pensamentos separados, com os quais cada um decide se identificar, construindo a sua própria bolha de estruturas de pensamento, dentro da qual voluntariamente se aprisiona se isolando e se distanciando da universalidade da sua real existência unicista.
Isso parece ser atraente pois é confundido com liberdade, ou seja, a possibilidade de se recriar e de criar a todo instante um mundo à parte, no qual cada um é o deus desse mundo que só ele vê a partir do que decidiu acreditar.
A partir disso, percebe seletivamente e constrói imagens na mente, passando a acreditar que são vivências práticas, mas que, na verdade, são apenas uma forma de fazer parecer reais as suas próprias teorias.
Tudo, no universo pessoal de cada um, é experimentado de forma exclusiva e diferenciada de qualquer outra pessoa. Quando você está sonhando, por exemplo, você está tendo a sensação de praticar as teorias nas quais acredita, mas quando acorda, percebe que não houve prática alguma, mas apenas projeções mentais.
Projetar cenas na mente não é colocar em prática, mesmo quando você se percebe acordado. Projetar em sonhos ou projetar achando que está desperto é a mesma irrealidade.
Teorias sem realidade não se tornam práticas reais a partir de projeções de imagens na mente que se vê separada.
Há uma decisão a ser tomada no sentido de substituir teorias infundadas pela verdade correspondente.
A verdade não projeta. Quando decidimos pela verdade, passamos a buscar e encontrar caminhos que nos permitem ver de fato o que é este mundo para podermos compreendê-lo e utilizá-lo no caminho como formas didáticas de aprender a discernir o que é real do que é ilusão em nossa mente.
É uma decisão de aceitar uma orientação vinda de Deus para nos lembrar do que somos realmente, conforme Deus nos criou e nos inocentarmos a partir da visão de que nossas projeções nunca alteraram o que somos.
Ainda somos inocentes como Deus nos criou. Essa é a jornada que nos devolve a verdadeira prática do que realmente somos. Isso nos devolve a condição de criar com Deus a partir da realidade.
Nos estudos de autoconhecimento, quando falamos em abandonar o julgamento, estamos falando apenas sobre abandonar projeções mentais baseadas em teorias que não traduzem o que somos na realidade, para que possamos ver a verdadeira vida que está presente em todos, independente das teorias individuais. É a decisão pela visão santa que abençoa o mundo.
É a decisão pela orientação de Deus para o fim das projeções. É a decisão que sempre será ouvida e atendida por Deus, que nos chama ininterruptamente e nos aguarda para compartilharmos a prática do Céu.