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Permitir-se o relacionamento

Redação Coexiste

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As respostas para todas as questões de caráter existencial.
Permitir-se o relacionamento

O quanto você se permite viver o que você mais quer: se relacionar de verdade? Essa pergunta pode parecer simples, mas se olhar com cuidado vai ver que tem informações aí que são a chave da tua felicidade, e talvez você nunca tenha se ligado disso. Permitir-se o relacionamento tem a ver com o quanto a gente se gosta e se aceita.

Para falar sobre isso, vamos usar o premiado filme Conduzindo Miss Daisy  (Driving Miss Daisy, EUA, 1989), que nos traz um rico exemplo dos efeitos de uma abertura para se relacionar, assim como os efeitos de não viver plenamente o que as relações têm para nos oferecer, contrariando o nosso desejo mais íntimo. 

No filme, Daisy Werthan (Jessica Tandy), é uma senhora judia de 72 anos. Diante da impossibilidade de renovar o seguro do carro em decorrência de um incidente com o veículo  no jardim, seu filho decide contratar um motorista, Hoke Colburn, vivido por Morgan Freeman. A história tem início em 1948 e se passa ao longo de 25 anos. 

Miss Daisy é uma professora viúva, aposentada, que vive sozinha em sua casa, e tem como companhia a funcionária Idella, e mãe de um único filho que dirige a fábrica da herdada da família. De perfil controlador, ela gosta de que tudo seja como ela determina, e resiste em aceitar mudanças e a presença de alguém que conduza o seu carro. 

Hoke é o motorista disponível, amoroso, e interessado, que insiste na relação com ela, e não desanima. Tudo o que ela responde com hostilidade, ele devolve com paciência e alegria, mas também se posicionando quando precisa. 

No filme, com o tempo ela passa a ceder e aceitar que Hoke a conduza pelas ruas, mas com o passar dos anos e a convivência entre os dois, podemos dizer que ele a conduz por uma vida mais alegre por meio do relacionamento. 

A beleza de cada cena apresentada está justamente em ver como o relacionamento sossega. Você assiste e usufrui do que é entregue nas cenas, e é gostoso quando a relação entre eles acontece. E são conversas, momentos de ajuda, de posicionamento, em que os dois vão se revelando grandes amigos ao longo dos anos. 

Sentir-se digno de se relacionar 

No início do filme, quando a personagem de Daisy é apresentada, ela é uma senhora ranzinza, que quer tudo do jeito dela. Ela enfatiza em muitas falas como quer tudo, e não aceita que se mexa em suas plantas, em sua comida, em sua casa. E em todas as tentativas de Hoke de contribuir com algo na casa, uma vez que ela ainda não aceita que ele dirija para ela, há rejeição por parte dela. “Parece que o problema dela é o controle, mas na verdade, o que ela faz é evitar o relacionamento, para não ter que mudar o que pensa sobre si mesmo e sobre tudo”, explicou Yan Yin, durante os comentários da CineAula da Coexiste, em que o filme foi exibido. 

As pessoas qualificam as personalidades como difíceis, fáceis, gentis, agressivas, mas, no final das contas, trata-se de relacionamentos ou não relacionamentos, que são baseados numa única premissa: “eu quero me unir ou não quero”,  que é proporcional ao quanto a pessoa se gosta ou  não, se aceita ou não, se acha digna ou não ser feliz”, aprofundou Kaw Yin. 

Ou seja, usando o exemplo do filme, no início do filme, em que há a rejeição ao relacionamento por parte de Miss Daisy, o que acontece é somente uma insistência em pensar mal das pessoas e das coisas, e de si mesmo, o que gera culpa, e gerando culpa, não há permissão de se usufruir das relações. “No final do filme, quando ela está confusa, ela repete várias vezes “eu sou muito errada”, e no fim, é essa ideia que há na mente dela desde o início e que faz com que ela não se ache digna de se relacionar”, explicam. 

Ao longo do filme é possível reparar que mesmo que com essa ranhetice há um gosto pelo relacionamento, e a verdade é que a personagem gosta das pessoas: do filho, da nora, da funcionária, do motorista, mas ela faz questão de manter o que pensa, e assim, não se permitir curtir o que cada relação tem para acontecer.  “Fica muito claro que no caso dela ela evitava o que mais queria, o que mais deixava ela feliz, ela ficava muito feliz com alguém. Ela queria o relacionamento, e ela estava evitando o que mais queria, as pessoas evitam o que mais querem.”, enfatizou Kaw Yin. . 

A relação de Daisy com Hoke muda quando ela, diante de uma demanda, percebe que Hoke não sabe ler, e resolve ajudá-lo. “Nesse momento ela foi pega na utilidade dela e se abriu, ela já vinha dando brechas, mas ali eles estavam de igual para igual. E neste instante começou uma relação muito bonita entre eles, e eles ficaram muito tempo juntos. O jeito que ele a via era muito bom pra ela, não confirmava o  que ela pensava sobre ela. Aquela ranhetice que ela mostrava não é o que ela era”, explicaram. 

Usando o filme como pano de fundo, podemos olhar para a sensação de autotraição quando se evita o relacionamento. É de nossa natureza nos aproximarmos uns dos outros, e uma vez que o que pensamos não é a verdade sobre nós, os relacionamentos são meios que temos de questionar o que pensamos, e nos aproximarmos mais do que realmente somos. Quando insistimos no que pensamos, defendemos, é somente para manter esses pensamentos. “Dessa maneira você não se acha digno de usufruir das relações”, explicam. 

Essa rejeição aos relacionamentos nem sempre é clara, ela se manifesta todas as vezes que se culpa, ou fala de mal de você mesmo ou de alguém, quando reclama, discorda, e acha que algo não está bem, ou quando se sente um lixo, ou não se abre para mudar o que pensa. 

“Você evita o relacionamento para que ninguém questione o que você pensa, mas isso gera uma sensação de infidelidade consigo mesmo, e  tudo o que você precisa é que o que você pensa sobre si mesmo seja questionado, mudado. Você precisa permitir que seus pensamentos sejam mudados para alcançar a verdade sobre si mesmo que é a única forma de se sentir feliz. Se permitindo ser como você é, você vai aceitar a sua natureza, que não tem nada a ver com o que você fez de você. Deus te criou de um jeito, e quando não segue isso, se sente infiel com você mesmo.  

Se você prestar atenção na sua mente você vai ver que você pensa coisas, o tempo todo tem coisas na sua mente, só que uma coisa são os pensamentos que você tem, e outra é você pensando essas coisas. Você que é alguma coisa está pensando em alguma coisa, mas o que você está pensando, não é você. Você é esse alguém que está pensando em coisas. Tem muitas coisas que você pensa e acredita tanto que parece ter se tornado isso. Há uma identificação com isso. O perfil comportamental das pessoas não demonstra o pensador, mas sim o que ele pensa e confunde o que ele pensa com o que ele é”, esclarecem os consultores existenciais. 

A saída disso, questionar o que pensa, e se abrir para o relacionamento. “Por isso é importante rever os seus valores e olhar o que é mais importante: o que você  pensa ou o relacionamento? Você acha o relacionamento, mas a culpa não deixa você admitir que  quer. O treino é desistir das bobagens que você pensa para se permitir se relacionar mais”, finaliza Yan Yin, 

A cena final do filme mostra a linda relação que foi construída com base em interesse e em se abrir para mudar o que se pensa, e se permitir amar e ser amado. É uma bela demonstração de como ser conduzido para fora de seus pensamentos solitários, e de volta ao Amor. 

Conduzindo Miss Daisy
Ano: 1989
Direção: Bruce Beresford 
Elenco: Morgan Freeman, Jessica Tandy, Dan Aykroyd
Onde assistir: Amazon Prime Vídeo 

IMERSÃO

Workshop: A Verdade Presencial®

13 e 14 de Janeiro | Sábado e Domingo

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