A urgência em fazer o que precisa ser feito

O peso do tempo é algo constantemente presente na cultura humana. Parece que se vive numa corrida contra o relógio, e é necessário correr para realizar aquilo que se tem vontade, promover mudanças e realizar grandes feitos. Mas será que é essa a urgência que temos? 

O filme Tick Tick…Boom!!, (Netflix, 2021) traz essa temática. Baseado na história do compositor e roteirista  Jonathan Larson, criador do musical Rent, o filme mostra a urgência que tinha de mudar as coisas, de realizar algo. No filme, ele tem 29 anos, e está há oito trabalhando numa peça. 

Com a sensação de estar sempre correndo, o filme traz questionamentos importantes por meio das músicas que são cantadas. O primeiro deles é agir pelo medo ou por amor. Na pressa de entregar algo e se cobrar por prazos, e tentar controlar tudo, um amigo lhe pergunta, se ele age por medo ou por amor. “Essa é uma escolha importante. No medo, a inspiração não acontece”, disseram Kaw Yin e Yan Yin, durante os comentários da CineAula em que o filme foi exibido. 

No filme, há um momento em que isso é mostrado claramente, quando ele precisa escrever e apresentar uma música para o espetáculo em 12 horas. Acaba a luz enquanto ele tenta escrever e ele decide ir nadar. Ao nadar, ele presta atenção aos movimentos e se foca. E é neste instante em que a inspiração vem. “Ele ficou em estado de presença, focado no que estava fazendo, sem pensar em nada, e a música veio”, disseram. 

Outro questionamento relevante trazido pelo filme é o que precisa acontecer para que as pessoas decidam mudar de fato. O filme se passa nos anos 90, e ele vê muitos amigos morrendo por conta da AIDS, cuja doença era ainda pouco conhecida e estudada na época. Ao se deparar com isso, ele mesmo se questiona, o que precisa acontecer para ir adiante com o que ele quer fazer. 

“Na verdade o que precisa acontecer é uma mudança na mentalidade. Na cultura humana se posterga muito uma virada real, de mudanças efetivas, e enquanto isso não acontece, o sofrimento se mantém”, disse Kaw Yin. “Não é a tragédia que faz a pessoa mudar é a decisão pela mudança”, complementou Yan Yin. 

Aliás, no filme mesmo esse questionamento aparece em algumas músicas, em uma delas, ele questiona “como podemos passar os dias assim?”. “É muito legal ver quando a pessoa muda de propósito, e aí a vida dela muda, a rotina muda, os cenários, as pessoas. E ele falava disso, de seguir o que devia fazer, esse era o propósito dele”, disseram. 

“O filme fala muito sobre a relação entre o amor e o medo, se você está sendo autêntico, espontâneo, se você está colocando o que você acredita para rodar, ou se você passa a vida se defendendo, sobrevivendo, correndo atrás de dar conta de tudo o que o mundo exige de você, né, acreditando que você precisa ter todas as coisas sob controle”, compartilharam. E essa é uma decisão a ser olhada a todo instante, o que você escolhe agora? 

Tick… tick.. BOOM!