Roteiro do episódio #242 – A Incondicionalidade da Liberdade, do podcast Não Dá Para Desouvir, com Kaw Yin e Yan Yin.
Esse é um tema que talvez traga elementos muito diferentes da perspectiva tida como comum, mas que sugere uma reflexão importante para que possamos reconhecer a nossa liberdade e também a correspondência entre a nossa percepção e a nossa liberdade.
Vamos olhar realmente de frente para o que seria a nossa realidade existencial.
Nós temos muitas ideias na mente e colocamos o nosso foco nessas ideias, acreditando que sejam, pelo menos em grande parte, reais.
As ideias que estão em nossa mente nos mais diversos níveis de consciência, e que entendemos como realidade, estão fazendo com que os nossos dias, os nossos atos e nossas decisões sejam baseadas nisso que acreditamos ser a nossa realidade.
A partir da crença de que algo é real, passamos a vivenciar esse algo como inerente ao que somos e, os atributos desse algo, passam a ser entendidos como nossos atributos ou como condições capazes de nos atingir de alguma forma e isso justifica nossos medos e nossas defesas.
Porém, nossa realidade não depende das ideias que decidimos colocar em nossa mente.
Nossa realidade foi estabelecida na criação por Deus que compartilhou a sua própria realidade e seus próprios atributos com a Sua Criação.
A liberdade, que é um atributo de Deus, é uma herança de Deus para tudo o que Ele criou como Ele mesmo. Não é difícil ver que as instâncias vivenciadas neste mundo, não alcançam a possibilidade de ameaçar a Deus. A invulnerabilidade de Deus é facilmente reconhecida em relação a tudo o que ocorre neste mundo que percebemos.
Se aceitarmos que a nossa liberdade é a mesma liberdade de Deus, poderemos aceitar também que a nossa liberdade não está condicionada às condições que percebemos no mundo e como percebemos.
A nossa liberdade é tão incondicional quanto a liberdade de Deus.
Essa é a única forma de nos assumirmos como seres realmente livres.
Isso significa que somos livres para exercer nossos reais atributos e não nos deixar levar por circunstâncias que parecem nos obrigar a agir de forma diferente do que somos.
Quando falamos sobre o que somos, não estamos falando da personalidade com a qual estamos identificamos, mas do Ser Divino que Somos.
Isso nos torna rebeldes em relação ao mundo? Com certeza não, muito pelo contrário, somos absolutamente amor e, no reconhecimento da nossa liberdade, passamos a ter a certeza de que somente o amor pode expressar a nossa real liberdade.
Somos livres para sermos o que somos e, portanto, somos livres para amar, pois somos o próprio amor.
Falamos em episódios anteriores que o amor é incondicional e isso está diretamente conectado com a nossa liberdade incondicional de escolher incondicionalmente pelo amor em todas as circunstâncias em que estivermos como representantes do que somos e, portanto, representantes do amor e da liberdade de amar incondicionalmente.
Somente quando abrimos mão da nossa liberdade de sermos o que somos é que aceitamos atuar com ações e reações que não nos representam, ou seja, com ações e reações embasadas no medo e não no amor.
O medo é a oposição ao amor. O medo é a estratégia de rejeição ao amor. O medo é a arquitetura que nos ilude e nos cega diante dos fatos em nossos relacionamentos, fazendo com que as decisões pelo ataque, pela defesa e pela raiva sejam entendidas como justificáveis ou justas.
Costumamos chamar de justas as nossas reações de defesa e de ataque quando entendemos o ataque como sendo uma defesa ou um contra-ataque como resposta ao que foi interpretado como ataque ou como ameaça ao que queremos defender. Isso justifica as disputas que também foi assunto no episódio anterior.
Porém, se somos realmente livres e, de fato, somos, e se queremos exercer a nossa liberdade incondicionalmente, precisamos assumir um compromisso com a visão verdadeira dos fatos que nos chegam a cada momento, e não nos deixar enganar por convites nascidos a partir da nossa interpretação com base no medo.
As interpretações que fazemos a partir do medo parecem justificar ações e reações que, na verdade, não nos representam e que têm a intenção de roubar a nossa liberdade de escolha pelo amor de forma incondicional que nos permite lembrar da incondicionalidade da nossa liberdade de sermos representantes fiéis do amor que somos.
Ser é uma realidade incondicional e ser livre é a realidade incondicional que nos faz existir em perfeito, eterno e imutável estado de amor, assim como é a realidade do nosso Criador.
Essa é a natureza da incondicionalidade da liberdade que compartilhamos com Deus.
Portanto, se queremos exercer nossa real liberdade, precisamos aceitar que a nossa liberdade é a nossa real e imutável condição de existir e, a partir desse reconhecimento, não nos iludirmos com pseudo vantagens de nos colocarmos como vítimas e, ao mesmo tempo prisioneiros de circunstâncias que parecem não deixar alternativas que não sejam abrir mão da liberdade de amar.
São percepções e interpretações distorcidas que nos trazem justificativas para o autoboicote com aparência de justiça, mas que, na verdade, resultam em auto ataque com aparência de auto defesa.
Portanto, a incondicionalidade da liberdade, assim como a incondicionalidade do amor dependem tão somente do reconhecimento da incondicionalidade de existir tal como Deus nos criou, sem que tenhamos que depender de quaisquer circunstâncias geradas por estruturas mentais sem compromisso com a realidade.
Ilusões não têm a capacidade de mudar a realidade e, portanto, não somos dependentes de ilusões para nos permitirmos colocar em andamento os nossos reais atributos.
Liberdade é atributo real, assim como amor. Liberdade e amor definem nossa unidade com Deus que é livre e que é amor. Somos livres para vivermos a conexão permanente com a liberdade e com o amor que somos a partir do amor e da liberdade de Deus.
Jesus disse:
“Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”
E ele disse também:
“Já não vos chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.”
Essas palavras de Jesus são a declaração da liberdade incondicional de ouvir a Deus, independente de todas as crenças deste mundo de ilusões.
A unidade com Jesus está na abertura para ouvir e seguir as orientações de Deus que conhece a nossa liberdade e o nosso amor.
Vamos então exercitar a aceitação da incondicionalidade da nossa liberdade de escolhermos pelo amor em nome do que somos, em nome do que todos são e em nome de Deus.