Roteiro do episódio #86 “Arrogância ou aprisionamento?” do podcast Não Dá Pra Desouvir com Kaw Yin e Yan Yin
Quando falamos em arrogância, é muito fácil cairmos na ideia de que esse conceito define uma condição de quem se acha superior ou que se acha mais do que é.
Porém, quando alguém se acha superior ou que sabe mais que os outros ou que sabe o suficiente para se negar a ouvir, essa pessoa está, na verdade, se negando a abrir a possibilidade de questionar o que pensa e vir a reconhecer uma necessária evolução em seu sistema de pensamento.
Isso não pode ser considerado um auto reconhecimento de sabedoria por parte daquele que está sendo visto como arrogante, mas essa situação precisa ser vista como uma limitação auto imposta, na qual a pessoa está aprisionada voluntariamente na ignorância dos fatos com os quais se nega ter contato para poder aprender e mudar a sua forma de ver fatos que, por ela, são desconhecidos ou estão sendo, simplesmente, ignorados.
Essa postura mantém a pessoa presa em seus paradigmas e, por algum motivo, ela vê vantagens em continuar se posicionando assim.
Quem está se posicionando assim, escravizado em seus próprios conceitos e fechado para qualquer evolução, está apenas se apropriando de ferramentas que considera úteis para seus projetos e, por isso, se apega a elas por ver nelas um valor como algo necessário para alcançar suas metas.
O que são metas e como se constroem?
Há apenas dois tipos de metas: a meta absoluta e as metas relativas.
Como assim né? Vamos explicar:
Há uma única meta que pode ser chamada de absoluta que é a meta na realidade da existência, que não depende de nada para ser o que é, visto que antes de pensarmos qualquer coisa, somos alguém que existe e que pensa.
Esse alguém é real e a sua realidade é como é, independente de qualquer coisa já pensada ou que se venha a pensar a respeito disso.
Esse ser existe, é eterno, perfeito e imutável.
A realidade desse ser é uma única realidade que é universal e é também indivisível e, sendo indivisível, é, também, indiferenciável, sendo uma mesma e única realidade universal que inclui tudo o que realmente existe em unidade.
Ter essa única realidade como uma única meta é, portanto, uma meta absoluta ou uma meta no absoluto do universo de toda a existência.
Quaisquer outras metas que não sejam a meta na realidade, são metas relativas e geradas sem compromisso algum com essa realidade que é única. São metas que visam alcançar qualquer coisa que alguém tenha projetado em sua mente com algo a ser alcançado.
É, portanto, uma meta relativa às suas projeções individuais, em um universo mental individual, com suas crenças e ideologias individuais, cujas imagens se projetam em sua mente separada e são percebidas pelo seu sistema individual de percepção, segundo as suas próprias leis que definem o universo existencial que, de forma isolada, passa a ser chamado de “eu”.
Todas as metas desses universos pessoais individuais, são metas relativas e não absolutas.
Quando esses universos relativos e não absolutos se fecham para qualquer coisa que não pertença a eles, como se eles fossem absolutos, o gerador desse universo pessoal passa a exercer posturas que, no mundo dos universos pessoais, são chamadas de posturas arrogantes ou posturas de alguém arrogante.
Porém, isso é apenas uma postura fechada em um universo pessoal relativo ao sistema de pensamento de quem definiu esse universo pessoal e suas estruturas específicas de crenças.
Essa estrutura fechada é simplesmente uma prisão e que, por ser fechada na ignorância da realidade, já é, em si mesma, uma estrutura carregada de contradições e culpas que não permitem que a felicidade os alcance.
É para essa circunstância fechada e sem esperança que Deus envia os seus representantes que, em algum nível se abriram para ver o que há fora do seu universo pessoal de crenças e descobriram, em algum momento, que os seus interesses não estavam separados dos interesses de outra pessoa.
Nossa função no mundo é, portanto, não julgar ninguém por arrogância, mas sim, nos livrarmos de nossa própria arrogância, para sermos a demonstração de que podemos nos abrir para os relacionamentos, onde as respostas de Deus nos chegam através daqueles que Deus coloca em nossos caminhos, não por acaso, mas para que possamos permitir que nossas crenças sejam revistas e nossos equívocos sejam questionados e anulados.
Precisamos nos unir para nos livrarmos dessa prisão de universos separados na mente e, com a mente absolutamente aberta, podermos ouvir as orientações de Deus, para nos relacionarmos com todos que pertencem a uma única e indivisível Realidade Divina.
Aqueles que estão aprisionados em seus próprios pensamentos, não necessitam de julgamentos, mas de compaixão verdadeira, pois já se julgam o bastante para não se permitirem a felicidade de se relacionar verdadeiramente.
Precisamos abandonar os julgamentos decorrentes das nossas arrogâncias para que possamos nos absolver das nossas próprias arrogâncias e, a partir do nosso auto perdão, podermos, no reconhecimento de nossa inocência, inocentar o mundo e, assim, curar o mundo que sofre apenas por não abrir mão de suas ideias e que vive no conflito de seus universos pessoais, conflitando consigo mesmos e em seus relacionamentos, construindo estruturas conflitantes em micro ou macro escalas.
Vamos então admitir que estamos aqui para compreender e para amar sem nenhum julgamento, apenas nos unindo em nome da Verdade, pois como já disse Jesus:
A VERDADE VOS LIBERTARÁ.