O quanto da nossa trajetória a gente passa reprimindo o que sente ou o que gostaria de fazer? Aquilo que a gente gostaria de ter dito para um amigo, para um amor, para um colega. Aquele curso que a gente queria ter feito. Aquela música que queria ter dançado. O post que não foi publicado.
Decisões tomadas por insegurança, medo, autojulgamentos, e que sucessivamente nos levam a um ponto de, em dado momento, olhar pra trás, e não saber mais em que momento nos perdemos.
Foi essa a temática da peça Roberta, apresentada neste sábado pelos alunos do módulo avançado do Curso Livre de Teatro, da Coexiste Artes Cênicas. A história tem como protagonista uma mulher de 38 anos que questiona o fato de tantas vezes ter se contido, e entre as vontades reprimidas, está o amor por Julio, que se sente da mesma forma, e não se declara, e eles são acompanhados por uma amiga, a Luciana, que torce para que a amiga se encontre. A peça conta momentos da vida dos dois, e as decorrências das escolhas ao longo dos anos.
“A história foi criada pelo próprio grupo, que a partir dos exercícios das aulas, foram trazendo mais elementos, com sensações comuns a todos, e resultando nessa entrega”, contaram as professoras do curso Priscilla Carvalho e Carol Triguis. A apresentação foi feita pelo Zoom, com os atores também distantes, encenando, nas telas, as interações.
Ao todo, os 10 atores se revezaram nos papéis, permitindo que todos se reconhecessem nas sensações trazidas, e que no final, é trocada pela vivência simples e profunda das relações a partir da abertura da mente e do coração.
“ As pessoas podem tirar essas travas dos relacionamentos. O que elas omitem é que gostam das pessoas. Você sente coisas incríveis pelas pessoas, e esconde isso, e isso te faz muito mal, pois vai contra o propósito da sua existência. Você existe para compartilhar isso. Somos todos interdependentes, não somos separados.
Quando a gente se fecha é como se a gente não se permitisse ser inteiro, porque tem algo nessa pessoa que faz parte da gente. Quando a gente omite, a gente fica fechado, e uma parte de nós fica escondido. Cada pessoa com quem a gente se encontra, e sente essa coisa gostosa, é uma parte de nós que está ali, e se deixar essa parte separada de você, vai faltar algo em você. Somos todos uma coisa só, e nossa completude está em ver que somos todos uma coisa só. Apesar de ser a história da Roberta e do Julio, e da Luciana, não são três histórias, são nossas histórias. Aí você se emociona, porque sabe que essas histórias fazem parte da sua história. Tem um Jullio, uma Roberta, e uma Luciana dentro de você”, comentaram Kaw Yin e Yan Yin, fundadores da Coexiste.
A emoção sentida foi compartilhada pelo público depois da apresentação. Muitos se identificaram com as sensações encenadas, e viram ali uma forma da arte se comunicar com o que há de mais íntimo em cada um, até fazendo com que se sentissem parte da apresentação. “O teatro não é uma edificação com cadeiras, é uma instância de comunicação que pode se dar em qualquer plataforma ou em nenhuma”, finalizou Kaw Yin.
O Curso Livre de Teatro é voltado para qualquer pessoa que queira conhecer, e vivenciar o teatro na proposta de entregar o que o mundo precisa em cada momento. Uma nova turma tem início no final de julho, para mais informações acesse: www.coexiste.com.br/teatro |
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