Roteiro do episódio #236 – Tudo é Perfeito, do podcast Não Dá Para Desouvir, com Kaw Yin e Yan Yin.
Se tudo não fosse perfeito, precisaríamos mudar tudo e isso não seria possível universalmente falando. Seríamos eternamente vítimas de tudo o que ocorre no universo, sem que pudéssemos evitar, devido ao tamanho do universo em comparação com o tamanho da capacidade que temos de mudar um universo inteiro, visto que nos sentimos incomparavelmente pequenos diante do universo.
Através da visão que temos do mundo que vemos e do universo que vemos, somos absolutamente incapazes de mudar algo imensuravelmente maior que nós. Isso é visto assim enquanto medimos o nosso tamanho comparando o nosso corpo com o tamanho do universo. Seria realmente utópico querer mudar o mundo e o universo nos vendo tão insignificantes diante de tal grandiosidade e de tal pequenez da nossa capacidade de atuação efetiva.
Isso, naturalmente, gera medo, pois só podemos sentir medo quando nos vemos tão pequenos diante de algo tão grande. Essa é a forma de nos vermos incapazes de mudar tudo o que vemos, pois é grande demais em relação à nossa visão do que somos e da nossa capacidade de interferir significativamente nos resultados. Diante disso jamais conseguiremos deixar de nos sentir pequenas vítimas diante da grandiosidade do que nos afeta de fora para dentro.
Essa é a receita para declararmos que o medo é inescapável.
Essa seria a única conclusão que pareceria realista, pois tudo o que vemos nos mostra a utopia de um pensamento de mudar um mundo ou um universo tão grande sendo tão pequenos. Seria realmente tudo muito injusto, pois seríamos irremediavelmente vítimas dele, tendo que nos conformar que nascemos assim pequenos e assim morreremos sem ver a solução para o medo e para a sensação do risco constante de sermos atacados dentro desse contexto.
O mundo e a quantidade de seres vivos dentro dele seria grande demais para nos vermos como um significativo agente de mudança.
Tal proposta seria por demais arrogante, pretensiosa, desproporcional e finalmente irrealizável, fazendo com que nos sintamos totalmente iludidos quando eventualmente passar pela nossa mente mudar o mundo que vemos.
Diante disso, só nos resta lamentar a nossa incapacidade, reclamar do que vemos, reconhecer injustiças diante do que nos acontece e muita justificativa para uma mente vingativa que se sente constantemente ameaçada ou atacada por algo cujo tamanho não deixa nenhuma chance de uma defesa consistente e eficaz.
Onde estaria Deus nessa hora e onde estaria a nossa possibilidade de contar com a proteção de Deus que nos fez assim tão pequenos e tão vulneráveis a algo tão maior que nós? Onde está a ajuda que podemos ver de Deus se sequer sabemos como encontrar um Deus que nossos sentidos são incapazes de ver, de tocar, de ouvir com nossos ouvidos, enfim como posso me sentir seguro e contar com uma proteção efetiva que meus sentidos não alcançam.
Tudo o que me ameaça eu posso ver, mas não consigo ver o que incondicionalmente poderia me proteger ao ponto de extinguir todo o medo que sinto diante da pequenez que vejo no que acredito que sou diante de um mundo ameaçador e de um universo incontrolável.
Diante disso, globalmente falando, sou muito pouco significativo e universalmente e astronomicamente sou totalmente sem significado diante de bilhões de estrelas e planetas dentro de uma galáxia entre bilhões de galáxias que compõe o universo que vejo. A partir dessa visão, não sentir medo seria um absurdo.
Porém, há uma resposta que inverte totalmente o nosso papel no mundo e no universo.
Há uma outra maneira de olhar para o mundo e para o universo.
A única maneira de ver tudo de outra forma é aceitar a verdade que nos conta que eu sou absolutamente responsável pelo que vejo e dessa forma posso mudar a causa que me faz ver tudo da forma que vejo.
Todo o medo que sinto e todas as justificativas que encontro para o medo que sinto diante da possibilidade de me sentir atacado ou atacável, tem como base os meus próprios pensamentos e sendo assim posso começar a acreditar em uma saída para o medo a partir do que muda a sua causa. Eu começo a ver que posso mudar o que vejo a partir da mudança do que penso.
Eu posso parar de ver o ataque no mundo, desistindo dos meus próprios pensamentos de ataque.
Não existe outra saída para o mundo.
Não vamos mudar o mundo ou melhorar o mundo sem trabalhar os pensamentos, pois o mundo que vejo é um resultado do mundo que construo em minha mente, ou seja, o mundo que vejo é resultado de um processo mental que construo a partir dos meus próprios pensamentos.
O mundo de ataques que vejo tem como causa última os meus próprios pensamentos de ataque.
Sendo assim, posso começar a ver uma saída para o que vejo, descobrindo que os pensamentos que carrego em minha mente estabelecem uma estrutura que é a única coisa que pode realmente ser mudada.
Isso me permite iniciar um treinamento mental que me conta que eu posso escapar do mundo que vejo desistindo dos pensamentos de ataque que ainda mantenho em minha mente.
Esse é um dos exercícios que o livro Um Curso em Milagres propõem para que possamos encontrar a única saída possível para o medo e que se praticada verdadeiramente pode realmente ter sucesso.
É um treinamento a partir da constatação de que cada pensamento que temos constitui alguma representatividade dentro de tudo o que vemos. Isso significa que é com os nossos pensamentos que temos que trabalhar se é que queremos que a nossa percepção do mundo seja mudada.
Se o medo que sentimos nasce nos pensamentos de ataque que mantemos em nossa mente então são esses pensamentos que não queremos de fato manter na nossa mente. Reconhecendo isso, estaremos prontos para iniciarmos um treinamento sobre como abandonar esses pensamentos para que não mais habitem a nossa mente.
Esse é um Plano de Deus para que possamos encontrar a paz em nossa mente e para que possamos mudar a nossa maneira de ver o mundo e poder amá-lo com motivos justos, vendo a perfeição das leis de Deus que nos protege e mantém a nossa vida eternamente perfeita no amor que nos faz existir como uma extensão do Amor de Deus.
Busquemos então em Deus toda a orientação que se faz necessária para mudar a nossa mente para que possamos definitivamente substituir todo o medo pelo Amor que é a nossa herança natural de Deus.
Jesus propõe na obra Um Curso em Milagres um treinamento sistematizado didaticamente para esse fim de mudarmos a nossa mente e, a partir disso, mudar a nossa forma de ver o mundo e todos os nossos relacionamentos dentro dele.
A saída existe, os caminhos existem e são muitos. Jesus sempre se propôs a ser para nós o caminho e nunca deixará de nos fornecer os meios, porque nossa vida faz parte da mesma e única vida que compartilhamos entre todos e com Deus.