Oi, tudo bem?

” Oi, tudo bem?”. “Tudo bem, e você?”, “Tudo bem também”. “Que bom! Então… “. O que acontece em cada encontro nos nossos dias? Algo acontece? Ou seguimos apenas uma formalidade, que cumpre uma tabela, mas na real deixa tudo do mesmo tamanho? 

Quantas vezes você perguntou para alguém se estava tudo bem sem nem perceber o que estava fazendo? Em quantas a pessoa até te falou coisas além, mas você não teve muito tempo pra seguir com a conversa? E em quantas você quis mesmo saber sobre quem estava na sua frente? 

Foi esse o mote da apresentação dos alunos do módulo básico do, apresentado neste último sábado, 26 de junho. A peça Oi, Tudo Bem? é resultado de  Curso Livre de Teatro, da Coexiste Artes Cênicas um trabalho realizado ao longo de 5 meses de curso. Dentre os exercícios feitos pelos 13 alunos, estavam entrevistas com pessoas conhecidas a partir de coisas que não se tinha ideia sobre a pessoa, e as descobertas foram transformadoras. 

O resultado das observações  geraram as cenas apresentadas, em algumas delas, os alunos até encenavam as pessoas entrevistadas. Para demonstrar a sensação desconfortável que é a não comunicação entre as pessoas, eles encenaram, com o mesmo diálogo, algumas situações diferentes, e nisso foi possível perceber o quanto as palavras dizem pouco em nossas cenas cotidianas.

Os alunos ainda compartilharam os aprendizados alcançados dentro de um processo que eles mesmos trilharam. “A gente percebeu que é mais simples do que se pensa. Basta perguntar e ter muito interesse em saber, sem conceitos estabelecidos”, disseram na apresentação. 

Aliás, buscar a verdadeira comunicação é o caminho para se alcançar a transcendência. “Quando a gente fala de autoconhecimento, espiritualidade, desenvolvimento interno, a solução está dentro de você, e tantas coisas que se fala no desenvolvimento da consciência, mas vamos direto ao assunto? É isso! Como é que eu posso conversar com você, sem que as palavras fiquem me escondendo de você. 

É esse o lugar que temos que descobrir, onde a gente consegue se comunicar verdadeiramente, uma relação que alcançou a santidade de todas as relações. Porque é o lugar onde a gente não se esconde, e usa a palavra para achar o endereço do outro. Mas a gente tem que chegar lá e encontrar esse alguém que na verdade não é o outro, é uma extensão de nós mesmos. E quando a gente não faz isso, a gente sente falta da gente mesmo. Todo mal-estar humano está nisso: de achar que se comunica só porque diz palavras conhecidas. Parabéns, vocês trouxeram um tema maravilhoso”, disse Kaw Yin no final da peça. 

“Fica um convite para o  treino. Isso tem que começar por alguém. Chega para alguém e pergunta, querendo saber, como ela está, sobre o que ela já viveu, o que ela pensa, e faz isso principalmente se é alguém que você acha que já conhece. Você vai querer saber mais, e vai ver que  é muito gratificante”, finalizou Yan Yin. 

. 

.