Roteiro do episódio #94 – A Arte de Perguntar, do podcast Não Dá Para Desouvir, com Kaw Yin e Yan Yin.
Oi, amores! Tudo bem com vocês? Como vocês estão? Como é bom esse nosso momento de compartilhar!
Bom, no episódio “O que é a incerteza”, episódio #80 eu senti que poderia falar um pouco mais sobre “A Arte de Perguntar”, já que desenvolver a precisão na pergunta foi algo muito muito presente na minha prática terapêutica com o balanceamento muscular.
E apesar de já termos um episódio que se chama “Aprendendo a Perguntar”, episódio #37, onde nós falamos de uma postura muito aberta para ouvir as orientações de Deus a todo instante, hoje eu gostaria de compartilhar com vocês uma vivência de isenção, que é o início do treinamento para alcançar esse estado que falamos no episódio #37.
Então vamos lá: “A Arte de Perguntar”
Perguntar é uma Arte mesmo, e eu chego até a ficar emocionada ao falar disso.
É uma Arte porque exige um grau de sinceridade, isenção e vontade de contato com a Verdade que é preciso muito desapego das suas próprias ideias para alcançar essa prática.
É uma prática que requer o treinamento de muitos movimentos mentais e muita autoatenção, auto-observação e sinceridade com o que está sentindo. Requer não ter medo de conhecer o que pensa e de abandonar o que pensa, para então abandonar qualquer querer, e assim poder esvaziar a mente para encontrar precisamente a pergunta que nos leva para o endereço na mente onde está a resposta.
Vale ressaltar que o que nós vamos passar aqui pra vocês é o resultado de anos de treinamento intenso, tanto meu quanto do Kaw Yin. No meu caso, eu descobri os caminhos sozinha, atendendo com teste muscular e aplicando o teste muscular em mim mesma. Depois de muita, muita prática e intimidade com o teste muscular, totalmente segura na técnica e na elaboração de perguntas, eu iniciei, a partir do trabalho junto com o Kaw Yin, um “desmame” da ferramenta, o que me obrigou a procurar outros indicadores e confiar neles.
Então nós vamos dar um salto e ir direto para os indicadores que eu uso hoje para encontrar o endereço das respostas na mente. Não é necessário passar por todo o processo que eu passei, ainda bem! (hehe) Vamos economizar uns bons anos aí, certo? kkkk
A Arte de Perguntar na prática
A primeira coisa a fazer para dar esse salto, é iniciar a identificação dos interesses contidos num assunto ou em algo que precisa ser resolvido. Os interesses contidos não permitem que você tenha clareza do que você realmente quer saber.
Vamos falar um pouco sobre isso, então. Vamos falar sobre o início do treinamento, antes de dar o salto.
Para que possamos obter uma resposta, temos que fazer uma pergunta sincera e objetiva. Se a pergunta for dúbia, abrangente demais, confusa ou com uma resposta já pré-determinada na sua cabeça, com certeza você não obterá resposta, até porque, você já a tem. hehe
Perceba que, para a maioria das perguntas que as pessoas fazem, tem um “depende” que acompanha a resposta. Por exemplo: Qual o melhor caminho para o endereço x? Depende, você quer o caminho mais rápido? O caminho mais curto? O caminho mais direto, pelas grandes avenidas? Quer o caminho sem radar? Ou o caminho mais bonito, talvez? Depende. Depende da sua meta.
Ter muito claro na mente qual é a sua meta faz com que a pergunta perfeita apareça. E pode ser inclusive nenhuma das alternativas anteriores. Ao investigar a sua meta momentânea, pode ser que você perceba em sua mente algo que estava escondido, mas que era fundamental para que a pergunta ideal fosse feita. Por exemplo: “Quero um caminho que passe pelo McDonalds porque eu estou com fome e quero passar no Drive-Thru.”
Pronto, nesse momento a pergunta ideal se fez, e com ela imediatamente a resposta.
“Qual o caminho para o endereço x que tenha um McDonalds no caminho?”
Ao identificar exatamente a meta, você percebe, nesse caso do exemplo que eu dei, que a fome era o fator principal de tomada de decisão e não o caminho em si.
Enquanto você ainda não está estabilizado numa única meta Real, é imprescindível que você identifique suas metas imediatas em cada situação. Identificar metas é um caminho de autoconhecimento, um caminho em que você pára pra olhar se realmente as metas que você está percorrendo são o que realmente você quer para a sua vida.
Nessa investigação, você vai ficando cada vez mais sincero consigo mesmo, e percebendo metas cada vez mais profundas.
Por exemplo: de repente aparece uma vontade de comer alguma coisa, aí você fica pensando “O que eu vou comer agora?”. Normalmente a pessoa resolve isso indo buscar a “vontade de que” ela está no momento.
Essa vontade necessariamente vai seguir a meta escondida, e você vai achar que está fazendo uma coisa, e na verdade está fazendo outra. Com o tempo de treinamento, talvez você comece a perceber que a sua meta em comer está muito além de matar fome, você pode começar a perceber que, na verdade, é vontade é tamponar alguma sensação, abafar um medo, segurar uma raiva, ou simplesmente ficar ausente, que, na verdade, olhando mais de perto, você vê que é vontade de isolamento e autoataque.
Nessa constatação, você começa a conhecer seus pensamentos subconscientes e praticar suas ações com mais consciência. Ainda que você continue atendendo a metas estranhas vindas do seu sistema de crenças, metas que você conscientemente talvez nem concorde, mas continua atendendo por não saber ainda como desfazer as crenças que sustentam essas metas, talvez você passe um tempo observando a motivação dos seus quereres, seus interesses, que direcionam suas vontades, escolhas e suas ações, esse já é um estado mais consciente que o anterior, e a essa altura, você já está com mais prática e mais interesse em procurar a pergunta perfeita.
A prática contínua da Arte de Perguntar vai te conduzir a um caminho de consciência até que você comece a não querer mais alguns resultados provenientes de crenças equivocadas que você identificou no seu processo. Esse é um momento precioso.
Esse é o momento em que você muda de nível, o momento em que você começa a substituir seus quereres e interesses pessoais e individuais por interesses coletivos, e aí nós elevamos ao ideal o processo da Arte de Perguntar.
Enquanto você estava fazendo perguntas, ainda que precisas, que estavam alinhadas ao seu sistema de crenças, as respostas vinham desse mesmo lugar, é claro. O seu sistema sabe exatamente a melhor solução para a sua meta individual e você sempre alcança sua meta, sempre obtém o resultado que você quer, só não tinha consciência disso.
Na medida em que você fica consciente, você começa naturalmente a querer respostas que venham de um lugar maior, de um lugar que conhece todas as premissas, e que não esteja vinculado à pequenez de um sistema de pensamento, e sim, a um sistema que considere a todos, e não só você, mesmo porque, considerar a todos é considerar você também.
Você começa a mudar as metas e mudar as perguntas, você começa a deixar seus quereres de lado, e entrar em um estado de “eu não sei o que é melhor que aconteça agora”. É o início da Paz.
“Eu não sei o que é melhor que aconteça agora”, você começa a querer que aconteça o melhor, sendo que “o melhor” necessariamente envolve tudo e todos. Não existe “o melhor pra mim”, se você perguntar nesses termos, você voltou a fazer perguntas para o seu sistema de crenças. Nessa altura do treinamento, você vai sentir conflito se fizer isso.
Nessa altura, você já sabe que “o melhor” envolve tudo, envolve todos, envolve o contexto, o momento no tempo, as ferramentas disponíveis, as premissas e as decorrências. Diante dessa consciência, você só pode dizer: “Eu não sei. Não sei a solução disso”. “Que aconteça o melhor para todos”.
Nesse momento você se descolou da sua mentalidade individual e entrou em disponibilidade. Entregou a solução para o lugar corrigido da mente, o lugar são que há em todos nós, e que é plenamente acessível e pode nos orientar com a precisão da onisciência.
Com a mente e coração abertos, livre do medo, virá em sua mente a pergunta perfeita que abrange tudo, e no mesmo instante virá a resposta que irá te direcionar sobre como agir, falar, escolher, ou solucionar algo. Uma resposta que pode ser compreendida ou não num primeiro momento, mas que será compreendida com certeza ao observar as decorrências das ações ou inações orientadas.
Daqui pra frente o treinamento é continuar identificando metas individuais, perceber a tendência de fazer perguntas parciais, que atendam aos seus interesses particulares e decidir por deslocar seus interesses pessoais para os interesses universais.
Até que um dia esse deslocamento se tornará definitivo, e seus pensamentos não mais concorrerão com a liberdade de perguntar exatamente “qual é a solução ideal para todos?”, e a partir da resposta precisa, ter a confiança de estar atuando nos seus dias da maneira mais lúcida, coerente e útil para o mundo.
A prática da Arte de Perguntar vai te aproximar do seu Real querer, sua Real vontade, que vai te levar a descobrir que é a mesma vontade de Deus.
Boa Prática, e boa semana pra vocês.