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O fim do sacrifício

Kaw Yin e Yan Yin

Kaw Yin e Yan Yin

Fundadores da Coexiste
O fim do sacrifício

Roteiro do episódio #95 – O Fim do Sacrifício do podcast Não Dá Pra Desouvir , com Kaw Yin e Yan Yin.

Há uma ideia na mente que precisa ser olhada com muita sinceridade para que possa ser compreendida e, enfim, retirada da mente, por não ser consistente e, portanto, não ser real. É a ideia de SACRIFÍCIO e todas as suas derivações como a renúncia, ou a desistência do desejável.

No último domingo, na CineAula Coexiste, nós assistimos ao filme “Irmã Dulce”, que é um relato biográfico da trajetória desse ser tão amoroso que entregou a vida para minimizar o sofrimento de todos que apareciam em seu caminho. Uma história muito emocionante de muita devoção, carinho, cuidado e Amor, mas que dependendo da maneira como é olhado, pode ser vista como uma história de sacrifício e renúncia.

Então vamos falar um pouquinho sobre isso para retirar alguns equívocos da mente sobre esses termos? Por isso esse é o nosso assunto de hoje: O FIM DO SACRIFÍCIO.

Antes de mais nada é importante compreender que, antes de pensar em sacrifício ou renúncia, é fundamental o desenvolvimento do discernimento entre realidade e ilusão.

O motivo disso é facilmente compreensível e o resultado dessa compreensão traz uma mudança radical, que tira da mente toda a possibilidade de acreditar que o amor possa exigir a desistência do desejável em termos reais.

Se o amor trouxesse, de fato, a necessidade da desistência do desejável, em termos reais, o amor estaria também ligado ao sacrifício, o que é absolutamente infundado, porque, nesse caso, o amor traria, necessariamente, desconforto para o praticante sincero.

Se isso fosse real, aqueles que amam seriam menos felizes do que aqueles que colocam os seus desejos individuais acima dos interesses de outras pessoas ou do coletivo, o que seria totalmente absurdo, pois a prática do amor seria menos feliz do que a prática do individualismo e isso faria com que o amor fosse sofrível e somente pudesse ser praticado através do sacrifício ou da desistência do desejável.

Se isso fosse, de fato, assim, o amor seria realmente uma vida muito dura e a felicidade estaria na prática do individualismo. Nesse caso o amor estaria restrito a quem decidiu abrir mão da própria felicidade para investir na felicidade alheia. Obviamente isso não é assim, ou seja, isso não tem nenhum fundamento real.

Muito ao contrário disso, a ideia de sacrifício está na decisão, consciente ou não, pela tentativa de ser separado e se fechar em interesses separados ou individuais, sacrificando o que realmente quer, mas não se permite, ou em outras palavras, o que verdadeiramente interessa e o que realmente traz felicidade. Somente os interesses universais podem trazer felicidade, pois, nos interesses universais, todos estão incluídos, a começar pelo praticante dessa sábia decisão.

Nenhum sábio desiste do desejável ou faz sacrifícios em nome da felicidade alheia, visto que o alheio nunca existiu. Nada está alheio a qualquer ser, seja ele humano ou não.

O conceito de alheio está mais para a alienação da verdade do que para a visão dos fatos, levando em conta que ninguém conseguirá nunca ser alheio a qualquer outro ser vivo e, se isso ocorrer na mente, será apenas um equívoco de ótica a ser corrigido.

Felicidade e Amor

A felicidade está para o amor, assim como a infelicidade está para a ideia de interesses separados. Isso é assim pelo fato de que a realidade é assim e nunca vai mudar. Você pode ignorar os fatos, mas não pode mudar a realidade e essa é a nossa garantia de que seremos todos felizes inevitavelmente e isso é somente uma questão de tempo.

Há muitos caminhos no desenvolvimento da confiança e da consciência de que não somos separados, mas todos eles chegarão, de alguma forma, até o inevitável e verdadeiro final, onde todos se encontrarão para o derradeiro passo em unidade para dentro da realidade e para fora da ideia de separação.

Isso significa que tudo está caminhando no tempo para que tudo seja visto como é, e, a isso, a gratidão é sempre devida por todas as ocorrências e por todas as contribuições que todos deram na história da humanidade e dos relacionamentos, tornando a jornada sempre útil, cuja importância de tudo e de todos os aprendizados sempre ocorreu, mesmo que isso não tenha sido compreendido a princípio.

Enfim, vida, realidade, amor, unidade, eternidade, paz e felicidade são conceitos que nunca estarão separados. Ser feliz é o mesmo que ser realista, que é o mesmo que cuidar de todos por ter consciência de “ser todos” e, sendo todos, consegue ver que cuidar de todos é cuidar de si mesmo e amar a todos é amar a si mesmo.

Paz é ausência de conflito e a ausência de conflito está na visão de que não há interesses que possam se chocar na realidade. Somente as ilusões se chocam por não reconhecerem a verdade que jamais geraria interesses separados, levando em conta que a separação nunca existiu.

Portanto, não se interessar pelo outro é não se interessar por você mesmo e isso nunca trará felicidade. Se interessar pelo outro, ao contrário disso, é se interessar por si mesmo, porque não existe o outro que, na verdade, é uma extensão de você mesmo e, neste caso, fazer pelo outro é fazer por você mesmo e isso jamais será um sacrifício ou uma renúncia de algo desejável, mas, ao contrário disso, será o reconhecimento do seu próprio mérito em ser feliz, pois, aqueles que fazem por todos são os únicos que aceitaram a felicidade para si mesmo.

Somente a ingenuidade poderia considerar que os que amam sofrem e os individualistas levam vantagem. Essa é uma ideia completamente fora da realidade que tenta convencer você de que há interesses pessoais ou separados a serem defendidos para que você não perca nada e tenha que disputar seus interesses e sua felicidade com seus irmãos, tendo, inclusive, que escolher, em muitos momentos, entre a sua felicidade e a felicidade de alguém ou entre os seus interesses e os interesses de alguém.

Isso é impossível na realidade. Na realidade os interesses de um são também interesses de todos. Isso pode não ser visto, mas não deixa de ser verdade. Isso pode não ser praticado por quem não vê, mas continua sendo a única forma de ser realmente feliz, levando em conta que somente a realidade é feliz e somente as ilusões trazem desconfortos.

Isso é assim e pode ser visto na história. Todos que se dedicaram a todos foram sempre os maiores exemplos de paz e de felicidade, independente das condições às quais se submeteram em nome do cuidado com todos que, por eles, foram vistos como irmãos ou como não separados ou ainda, como extensões da sua própria e real existência.

Todos que viram a verdade viram também o caminho mais curto para a felicidade e, vendo, jamais poderiam optar por outra coisa e sendo honestos consigo mesmos alcançaram a paz e ensinaram isso ao mundo e ensinando a verdade ao mundo foram também reconhecidos como sábios e como referências de amor e, portanto, de felicidade. 

Enfim, aceitemos a felicidade para nós e para todos, e assim, podemos desistir do sacrifício e aceitar receber as dádivas da visão unificada e realista que nos permite desfrutar da plenitude da existência e de tudo que está sempre disponível e que é tudo o que mais queremos, que é o fim da ideia de solidão e de isolamento mental.

Não é sábio negar a sabedoria daqueles que amaram a todos porque esses nunca sacrificaram a sua própria e real vontade, mas, ao contrário disso, se permitiram fazer tudo o que a sua real vontade lhes pediu e, dessa forma, não tiveram conflito interno e exerceram a real liberdade e, sendo livres foram o que realmente nunca deixaram de ser, e sendo verdadeiramente o que sempre foram e continuam sendo, amaram e ainda amam a todos e, consequentemente ou inerentemente, amaram também a si mesmos e a Deus.

Então, fica a dica para essa semana e para a Vida, para repensarmos sobre a ideia de sacrifício e renúncia que há em nossa mente e mudar definitivamente essa ideia, pois o caminho da felicidade e do Amor não requer nenhum sacrifício mas, ao contrário disso, requer que você se permita ser feliz tanto quanto todos aqueles que amaram a todos.

Ok, amores! Fiquem com Deus, boa semana, e vivam o Amor que somos.

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