Ao acompanhar a Olímpiada um misto de sensações aparecem. Os jogos mexem com suas emoções de uma forma que nem sempre é possível compreender o que, de fato, acontece. Convidamos a professora da Coexiste, e coordenadora do Coexiste Sports, e amante dos esportes em sua mais pura essência, Chel Anderaus, a compartilhar com a gente sua visão sobre os jogos:
Por que nos emocionamos?
Por que acordamos na madrugada?
Por que descobrimos que temos interesse na história do atleta, e o que fez ele chegar ali?
Ficamos emocionados com quem ganha e com quem perde.
Com quem não tem a mínima chance de vitória, ou com quem é favorito.
Com um técnico comemorando ou consolando seu atleta.
Com um choro de alegria ou tristeza.
Com superação ou decepção.
Olimpíadas é sobre colocar pra fora um sentimento que está dentro da gente. Não é sobre conquistas, não é sobre medalha, não é sobre vencer, é sobre ESPERANÇA.
Nos emocionamos com todos, não importa o país, o esporte, se é ou não adversário.
Aliás, a sensação de ter adversários passa longe das Olimpíadas. São parceiros de trampo, de vida.
Porque ali é o atleta consigo mesmo, com tudo o que dedicou e viveu pra chegar lá, representando uma nação.
Todas essas sensações demonstram que nos importamos uns com os outros, que somos unidos, que tem algo em mim e em você que faz com que a gente se goste, se admire, com que a gente deixe qualquer coisa de lado pra “torcer” junto.
Vivemos realmente o que é o fair play, expressão usada no meio esportivo.
Esse tal de fair play, algo tão desejado no esporte, algo tão questionado ao longo de todas as competições e que nas Olimpíadas já está na sua veia. Já está correndo ali, uma vontade absurda de equidade, de respeito a todos. Fair play não é só seguir as regras de um jogo, é sobre senso de justiça. Uma justiça que não condena, que apenas vê os fatos e admite isso. Sem brigas, sem discussões.
E ele foi idealizado assim, como uma filosofia lá nos Jogos Olímpicos de 1896 pelo Barão de Coubertin que dizia: “Não pode haver jogo sem fair play.”
A Olimpíada é algo muito precioso, que nos traz esse lembrete de como podem ser as relações entre todos: jogadores, torcedores, comissões técnicas, juízes, voluntários, público, comentaristas, narradores, e tantos outros envolvidos nesses 15 dias em que topamos pela Paz, pela emoção, pelas pessoas e por quem elas são. E é sobre isso.
E isso que emociona e faz você torcer e vibrar com qualquer atleta em qualquer esporte, com cada o hino sendo tocado, com cada olhar, com cada concentração, com cada descontração entre eles ali.
Estamos descobrindo que o que importa são mesmo as relações e essa união emociona, isso faz com que você tenha ESPERANÇA.
Esperança de que esse sentimento que você guarda e coloca pra fora só em alguns determinados momentos possa, de fato, ser vivido por você o tempo todo.
Numa edição de Jogos Olímpicos em que o cuidado com a saúde mental ganhou atenção de todo o mundo – com a desistência da ginasta americana Simone Biles da competição para priorizar a sua saúde mental e não prejudicar a equipe, mostra que esse olhar mais atento para o que sentimos como algo necessário, essa esperança que este evento traz é parte da saída.