Lidar de forma tranquila com as emoções é uma busca constante na vida do ser humano. Ainda mais no momento atual, em que vivemos, com tantas mudanças nas rotinas, e nas relações. Quanto antes aprendermos a lidar com as emoções, mais fácil é lidar com o que o vem pela frente.
No decorrer de nossas aulas para as crianças, no curso livre de teatro m na turma kids, fica claro o quanto esses alunos gostam de ter um ambiente aberto e tranquilo para poderem falar sobre o que sentem!
Em duas aulas tivemos algumas dinâmicas de eles nos contarem sobre as emoções que eles conhecem. Para isso, pedimos que eles escolhessem uma emoção, e as demonstrassem com expressões corporais, que fizessem as emoções. Aí, um dos alunos fazia e os outros precisavam adivinhar qual era a emoção representada, e faziam, junto com o colega, a demonstração.
Quando eles nos traziam a emoção, isso nos permitia devolver para eles a pergunta: o que é essa emoção? Por exemplo, o que é gratidão? E eles buscavam explicar, contar as experiências que tinham, aprofundar o entendimento. Por exemplo, no caso da gratidão, eles entenderem que não se tratava apenas de dizer obrigado, mas de sentir que alguém fez algo que pôde ajudá-lo.
Ficou claro para a gente que eles conhecem muitas emoções e sabem elaborar as explicações. Numa dessas dinâmicas, um aluno demonstrou a arrogância. Lembrando que estamos falando aqui das aulas da Turma Kids de Teatro da Coexiste, com alunos em idade entre 7 a 10 anos. Um outro aluno disse que não sabia o que era isso, e o mesmo que demonstrou, explicou com bastante precisão: “Arrogância é aquele cara que ele nem sabe se você sabe a mesma coisa que ele, e ele já chega dizendo que sabe mais, se achando melhor que você, só que ele nem sabe”.
Nesse ambiente de entendimentos e trocas, teve uma cena que nos tocou profundamente, por ver que eles mesmos, compreendendo o que sentem, tendo clareza sobre as emoções, conseguem se ajudar entre si. Depois de já termos conversado sobre diversas emoções, como ansiedade, raiva, amor, a gente falou sobre medo. E quando perguntamos para eles se eles já tinham sentido um medo muito grande, uma aluna de 7 anos, contou: “Professora, o meu maior medo é o de ser esquecida, é de nunca se lembrarem de mim”. Neste momento, o grupo parou. O que era um comportamento incomum, geralmente, nas dinâmicas, enquanto um coleguinha fala, os outros já estão querendo falar em seguida, e muitas vezes nem entrando em contato com o que o amigo disse. Mas dessa vez, eles pararam para entender, e nesse silêncio, uma outra aluna, que em alguns momentos parecia não estar tão atenta ao colegas, disse para a outra, com tranquilidade e segurança: “Mas nunca vão esquecer você, você nunca vai ser abandonada. Sempre vai ter alguém que vai lembrar de você”, e aquilo acalmou o coração da menina que falou.
Essa cena nos mostrou o quanto eles mesmos, estimulados a olhar, compreender, e conversar sobre as emoções conseguem se ajudar entre si. Não precisou vir de nós, professoras, uma resposta que desse esperança ou acalmasse a colega, a resposta partiu desse olhar conjunto para aquilo que sensibiliza a todos.